Falconi desembarca na China para negociar parceria com uma consultoria local também especializada em gestão, a Hejun Consultancy.

Vicente Falconi pretende ampliar a internacionalização de seu negócio (Antonio Milena/Revista EXAME)

São Paulo – Considerado o “guru” da gestão de empresas, entre elas as do trio de bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, sócios das gigantes AB InBev e Kraft Heinz, Vicente Falconi desembarca na China para negociar parceria com uma consultoria local também especializada em gestão, a Hejun Consultancy.

Falconi pretende ampliar a internacionalização de seu negócio. Com subsidiárias no México e Estados Unidos e atuação em mais de 30 países, a Falconi Consultores de Resultados quer fincar os pés de vez na China.

Hoje, Falconi participa de um evento na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e de uma rodada de conversas com empresários.

No dia seguinte, lança na Hejun a versão em chinês de seu livro O Verdadeiro Poder, considerado uma cartilha de gestão pelos empresários.

O método de gestão começou a ser formulado por Falconi no início dos anos 1980, durante uma viagem ao Japão. “Quero deixar claro que melhoria de gestão não significa necessariamente corte de custos. Fazemos, primeiro, uma avaliação da empresa. Se uma companhia quer reduzir custos, avaliamos quais são os desperdícios”, diz.

Desperdício, segundo Falconi, é tudo aquilo que o cliente não percebe como valor.

Gestão eficiente pode ser aplicada em diversas áreas, desde setor público como privado. Em alguns casos, as empresas terão de investir mais e não cortar custos, explica o professor.

Um diagnóstico da Falconi em uma empresa pode ser feito em duas semanas ou durar até quatro meses, dependendo do tipo de mudança que uma companhia deseja. Replicar o modelo de gestão Falconi para outros países requer uma certa flexibilidade. “O livro é bom, mas não resolve tudo”, diz Falconi.

As conversas para uma possível parceria com a Hejun, que fatura por ano US$ 1 bilhão ainda estão em fase inicial, mas devem avançar a partir desta semana.

“Surgiu uma oportunidade (de negociar a parceria), que não foi nada planejada. Eles traduziram o nosso livro e nos chamaram para conversar. Vamos discutir como podemos trabalhar juntos”, disse Falconi ao Estado.

“Se faturarmos um décimo do que eles (Hejun) faturam, teremos um crescimento expressivo”, brinca, ao comparar a receita das duas companhias.

Crescimento

A meta da Falconi é elevar sua receita para R$ 500 milhões até 2021. A consultoria, que hoje fatura R$ 300 milhões, tem uma equipe de 800 pessoas, incluindo 10% de profissionais estrangeiros.

Álvaro Guzella e Viviane Martins, diretores-executivos da Falconi, explicam que um modelo de gestão dos Estados Unidos precisa ter nuances diferentes quando aplicado países europeus ou latino-americanos.

Nos Estados Unidos, dizem eles, os americanos são muito pragmáticos no detalhamento de execução de um plano.

Já para os europeus, a questão hierárquica pesa menos, ao contrário do México, onde se preza pelo respeito hierárquico. “O Brasil talvez seja menos rigoroso na execução do plano, mas tem mais jogo de cintura e é mais flexível”, diz Viviane.

Gestão pública

Questionado pelo Estado sobre qual tipo de choque de gestão o Brasil precisa, Falconi foi enfático: “O País precisa de uma reforma política e reduzir o tamanho do Estado.” O choque de gestão, segundo ele, seria uma segunda etapa.

“É preciso acabar com funções duplicadas e reduzir gastos em todas as esferas. Custo com vereadores em um município pequeno é um desperdício. É preciso rever isso.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.